É bem conhecido que o estresse pode aumentar a frequência e a gravidade das convulsões em pacientes com epilepsia. Agora, os pesquisadores esclareceram o porquê disso, e eles podem até ter encontrado uma maneira de pará-lo.
Publicado no jornal, os pesquisadores revelam como a epilepsia altera a forma como o cérebro reage ao estresse para causar convulsões.
A epilepsia é um distúrbio neurológico caracterizado por convulsões recorrentes, que são surtos repentinos de atividade elétrica no cérebro.
Segundo a Epilepsy Foundation, cerca de 1,3 a 2,8 milhões de pessoas nos Estados Unidos sofrem de epilepsia. A cada ano, cerca de 48 em cada 100.000 americanos desenvolvem a condição.
Estresse e ansiedade são gatilhos bem estabelecidos para convulsões entre pessoas com epilepsia, e estudos mostraram que a redução do estresse pode reduzir o risco de convulsão para aqueles com a doença.
Embora os neurologistas recomendem que pacientes com epilepsia evitem situações estressantes como forma de evitar convulsões induzidas por estresse, nem sempre é possível fazê-lo, destacando a necessidade de uma alternativa terapêutica.
No entanto, como os cientistas não sabem como o estresse causa convulsões, esse tratamento se mostrou difícil de encontrar.
Agora, Michael O. Poulter, Ph.D., da University of Western Ontario, no Canadá, e seus colegas acreditam que eles podem ter dado mais um passo para atender a essa necessidade.
Convulsões induzidas pelo estresse causadas pelo aumento da atividade no córtex piriforme
Para o estudo, os pesquisadores se concentraram em analisar a atividade do fator liberador de corticotropina (CRF) nos cérebros de ratos com e sem epilepsia.
O CRF é um neurotransmissor – uma substância química que permite a comunicação entre as células nervosas – que regula a resposta comportamental ao estresse.
Os pesquisadores avaliaram como CRF afetou o córtex piriforme dos roedores, que é uma região do cérebro em que as convulsões são conhecidas entre humanos com epilepsia.
Entre os ratos sem epilepsia, os pesquisadores descobriram que o CRF reduziu a atividade no córtex piriforme do cérebro. Entre os ratos com epilepsia, no entanto, eles descobriram que a CRF fez o oposto, aumentando a atividade no córtex piriforme.
“Quando usamos o CRF no cérebro epiléptico, a polaridade do efeito é invertida; ele passa de inibir o córtex piriforme a excitá-lo”, explica Poulter. “Naquele momento, ficamos animados e decidimos explorar exatamente por que isso estava acontecendo.”
Em uma investigação mais aprofundada, a equipe descobriu que o CRF alterou a sinalização neuronal no cérebro de ratos com epilepsia.
Especificamente, eles descobriram que o CRF ativou uma proteína chamada regulador da proteína de sinalização da proteína G tipo 2 (RGS2), que mudou a comunicação entre as células nervosas no córtex piriforme para aumentar a ocorrência de convulsões.
Os pesquisadores dizem que suas descobertas sugerem que pode ser possível evitar convulsões induzidas por estresse em pacientes com epilepsia, bloqueando a ACR.
“Estamos muito entusiasmados com esta possibilidade para o tratamento de pacientes com epilepsia”.
Michael O. Poulter, Ph.D.
Além disso, os pesquisadores dizem que suas descobertas podem ter implicações para outros distúrbios neurológicos, como depressão e esquizofrenia; essas condições podem desencadear processos neuroquímicos que aumentam a gravidade dos sintomas.
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